Universidade do Minho, cheguei

Vim para Braga com um objetivo bem definido: mudar de carreira. Dar-me uma change a mais na vida. O jornalismo, não posso queixar-me, deu-me tudo, inclusive a possibilidade de viver este sonho. Mas a sensação de que faltava-me algo sempre permaneceu. Havia um gosto amargo de não ouvir a intuição. Este ano, pus fim a tudo e decidi ouvir-me pela primeira vez.

A decisão de vir para Braga foi pautada em duas premissas: minha família é daqui, logo não é uma cidade totalmente desconhecida. E porque tinha uma investigação científica que se encaixava com o meu projeto. Pronto! decidido, logo ganhei o apoio da principal pessoa: meu marido. Sabíamos que seria difícil, mas a distância tem sido pesada demais. Sabíamos, mas na pratica é tudo muito complicado. Tem sido dias doídos de saudade.

Pois bem. Voltemos ao assunto principal: o mestrado. Hoje, foi o primeiro dia na Univerisdade do Minho. Houve apresentação do curso. Uma turma surpreendentemente jovem. Garotada na faixa dos 21 anos. Muitos brasileiros, somos 8, mas também tem venezuelanos e italianos. Faz tempo que não me sentia tão feliz e realizada.

Para quem pensa em estudar aqui, ainda é cedo para dizer qualquer coisa sobre a universidade, mas já adianto que os professores são bem atenciosos e exigentes, os estudantes estão sempre dispostos a ajudar, o campus é grande e bem cuidado. Pode-se trazer comida e esquentar em microondas espalhados pelo local. A única coisa que realmente senti falta foi o wifi nas salas.  Mas a universidade mostra-se moderna com aulas transmitdas por computadores e todo material digitalizado para os alunos.

Mais para frente conto mais sobre a experiência de estudar na Universidade do Minho. Agora, preciso falar de outra coisa importantíssima:  o sistema de transporte. Para quem vem estudar sem vínculos e precisa pagar aluguel, preste atenção: escolha morar perto da universidade. Aqui, o sistema de transporte não funciona 24 horas, logo autocarros não rodam a noite toda. Eles têm hora para deixar de circular. É preciso baixar a "aplicação' (app) que gerencia os autocarros para saber a hora exata que o seu passará e se ele tem o '9" na frente. Os que apresentam o número '9' são os que rodam até mais tarde. Caso não tenha, já pense em alternativas. A universidade disponibiliza uma van, autocarro, para transporte gratuito dos alunos. O carro passa nas horas cheias, como os autocarros comuns, e vão até a avenida central. De lá, é cada um por si. Dependendo de onde mora, é muito possível caminhar. Eu vim andando. O problema será no inverno. Por isso, a importância de traçar uma estratégia.

Tudo aqui para de funcionar cedo. Hoje, saí da faculdade às 22h. E desci a avenida central até minha casa, o que demorou apenas 15 minutos. Não havia quase pessoas nas ruas. Muito pouco carro e não vi um táxi sequer. Ainda não sei como funciona o Uber por aqui.  Ou seja: no inverno é salve-se quem puder.

Portanto, Braga não é uma cidade de vida noturna. O encanto está ao longo do dia. As pessoas se recolhem cedo e quase não se vê estabelecimentos abertos às 22h. Para quem busca agito, Braga não é o lugar. Vá para Porto, que fica a apenas 2horas de comboio e pode-se viver mais a badalação.

Eu prefiro o sossego da cidade inspiradora. Digo que andar pelo centro de Braga hoje à noite foi libertador para mim. Primeiro, porque venho de uma cidade violenta. Segundo, porque pude sentir-me livre dos medos que tinha. No entanto, pouco vi bares abertos. Tinha alguns nas avenidas mais turísticas e centrais.

Meu casamento com Braga está sendo perfeito. À medida que for desbravando a cidade, irei compartilhar por aqui meus sentimentos. Este espaço será um diário de viagem. Sempre aberto. Para amenizar a saudade de minha família.

Por ora, temos nos falado por vídeo. Mas já batemos o calendário dos feriados e férias da universidade para matarmos um po
uco a saudade. Sinceramente, venho repetindo, ainda bem que vivemos na era digital. Como é simples matar a saudade pelos aplicativos!

É isso pessoal. Até breve. Amanhã tem mais, bacalhoeiros.